Sobras

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sobras

Calunga/Rita Foelker –  Do livro Calunga DEFINITIVO, recente lançamento de Edições Gil

Sobras são coisas chatas, pra umas pessoas. Aquele fundinho de doce – de abóbora, humm! – que vai pra geladeira e ninguém mais quer. Que acaba secando e estragando.

Mas sobras não nascem do nada. As sobras nascem da ação das pessoas. A gente comprou além do que usou. A gente cozinhou mais do que deu conta de comer. Depois reclama daquilo.

É até um jeito de o povo ter assunto: reclamar.

Mas eu digo uma coisa, a gente precisa parar de reclamar (de tudo, no geral), mas principalmente parar de reclamar do que a gente mesmo fez.

Tá cheio de sobras dentro da gente. Sobras de tristezas, sobras de despeito, sobras de irritação. Sobras de lembranças que já são ou ficaram ruins com o tempo (sobra pode estragar mesmo dentro da geladeira).

Aí, destampa lá uma vasilha que tá guardada faz tempo e vem aquele “perfume” de azedo!!…

Que isso quer dizer?

Que azedou, filha! Sinto muito, mas tá na hora de mandar embora e de limpar a sujeira.

As coisas dentro de você, também. Se tem uma lembrança muito velha ou mesmo recente (tem comida que estraga logo), que toda vez que você abre a geladeira – que olha pro seu mundo interior – ela cheira mal, traz uma sensação ruim, empesteia sua vida com uma fedentina que não deixa ver o lado bom das coisas e das pessoas, tá na hora de tirar fora.

Aquilo não ta prestando pra nada, só pra estragar a possibilidade de desfrutar o que é bom e de se abrir pros sabores e aromas novos.

É uma bronca de mãe, é uma palavra de pai ou de “ex-amor”, é uma decepção no trabalho ou com amiga ou amigo… não importa, aquilo não tá servindo e nem vai servir pra nada.

Quem tinha que comer já comeu. Agora solta, libera, joga fora!

As pessoas estão aí pra dar e receber o bem. Ocê e os outros, todo mundo tá aí pra isso. Acredite, isso que eu tô dizendo é o caminho da felicidade que todo mundo quer e poucos conseguem achar.

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