Pensando sobre a insignificância do nosso planeta perante o tamanho do Universo, lembramos que o homem esquece-se disso com frequência, entrando em disputas, guerras e conquistas egoístas… mas nós não somos tão ‘grandes’ e poderosos assim.
E, no nosso plano íntimo, acontece a mesma coisa… perante nossos semelhantes, também não somos superiores: em essência cometemos erros e acertos em nossa caminhada evolutiva. O médium Spartaco Ghilardi, fundador do grupo espírita Batuíra, comenta sobre isso em seu livro psicografado “Ao Tarefeiro Espírita”. Já no plano espiritual, Spartaco faz, no trecho abaixo – um dos mais bonitos do livro – uma tocante reflexão:
“Como espírita e médium,
o meu maior receio sempre foi o de me esquecer do que eu era em minha própria intimidade.
De me render ao fascínio do elogio…
De perder a consciência de minhas limitações…
De subir, sem perceber, no pedestal da vaidade…
De encontrar algum tipo de satisfação em ser o centro das atenções…
De me supor o que nunca fui…
De me entregar a delírios de grandeza espiritual…
Quando assim eu me percebia em perigo, corria para Uberaba, a fim de me avistar, às pressas, com Chico Xavier,
cujos exemplos de simplicidade e renúncia me colocavam em meu lugar.
É uma faceta da extraordinária tarefa que o seu espírito missionário cumpria entre nós.
Com o seu modo peculiar de ser, ele desarticulava obsessões que, alicerçadas em nosso egocentrismo,
as trevas fomentavam, no intuito de perder-nos.
As suas atitudes humildes nos seguravam contra os impulsos personalistas.
Eu ficava, em silêncio, observando-o trabalhar, ouvindo as suas palavras sábias,
e retornava a São Paulo, convencido de minha quase total desvalia.
Envergonhado de mim, retomava então, o trabalho, na condição de um dos mais apagados servidores de nossa Causa.
Como a simples visão de Chico Xavier em ação me fazia bem ao coração!
Zita, minha devotada esposa, comentava: – “Spartaco, você voltou de Uberaba tão calado…”
Eu lhe respondia apenas – “Estou pensando…”
Meu Deus, que desastre teria sido a minha experiência como médium, se tivesse sido outra a influência recebida!…
Com apenas quatro palavras, que ficavam ecoando em meus ouvidos,
Chico me trazia de volta à realidade, da qual os médiuns invigilantes e imaturos sempre se afastam:
– “Eu sou um cisco!…”
(extraído do livro “Ao Tarefeiro Espírita”, psicografado pelo médium Carlos Bacelli)