“Seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus.”

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Por quantos e quantos séculos vimos nessa frase do Pai Nosso um motivo de receio, ou mesmo de pavor, ante a possibilidade de Deus enviar algo de ruim para nossas vidas!

Seja feita a vontade de Deus.” “Foi a vontade de Deus.” “Se Deus quiser”, “Deus quis assim”, e outras frases do mesmo teor nos faziam sentir o medo de que Deus, de acordo com a sua vontade, ou das suas preferências, ou ainda do seu estado de humor no momento, enviasse algo de terrível para nossas vidas, como se Ele estivesse ao sabor das circunstâncias e do estado de espírito, como nós.

A humanidade, na dificuldade de compreender a natureza divina, criou um deus com a forma, características, sentimentos e desejos humanos e, por conseguinte, um deus que faz diferença entre suas criaturas, dando saúde e felicidade a umas, e a outras, doenças, sofrimento e até desgraças. Que castiga sem piedade mesmo aquele que errou por ignorância, o que faz dele um ser cruel além de parcial. Era, e ainda é em algumas religiões, comum se ouvir falar da ira de Deus, sendo a ira um sentimento eminentemente humano.

O Espiritismo veio trazer luzes a estas e a outras ideias enraizadas nas mentes das pessoas, ampliando e aprofundando o conceito sobre Deus, mostrando o Criador, não como um ser dotado das mesmas características nossas, mas uma inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

No livro A Gênese, Kardec nós dá uma ideia bem mais avançada de Deus ao dizer: “…para facilidade de nossa inteligência representamo-lo sob a forma concreta de um fluido inteligente que ocupa o Universo infinito, penetrando todas as partes da Criação: a natureza inteira está mergulhada no fluido divino…Estamos, assim, constantemente na presença da Divindade…Estamos nEle, como Ele está em nós, segundo as palavras do Cristo.

Com essas orientações, e outras, contidas nas obras da Codificação, já temos condições de deixarmos de lado os conceitos ultrapassados sobre Deus e avançarmos um pouco mais em direção a um entendimento mais libertador. É claro que ainda temos que caminhar muito para atingirmos uma compreensão mais plena do Criador, porém, a Doutrina Espírita já nos descortina uma visão mais condizente e mais próxima à realidade.

Deus criou o princípio inteligente, o princípio material e as leis que regem todo o Universo. E com o seu pensamento e com sua vontade amorosa, mantém a Criação. A vontade de Deus está expressa nas leis universais que Ele criou e o que nos cabe fazer é aprender a viver em harmonia com elas.

Quando algum sofrimento nos atinge, não foi Deus que o enviou, mas nós é que agimos de forma conflitante com o princípio do Amor, que é uma das características das Leis Divinas Universais; e sofremos as consequências naturais do nosso desvio, o que acabará nos ensinando o caminho do Amor.

O Espiritismo nos dá a chave para compreendermos esse mecanismo, esclarecendo com relação a Natureza de Deus, a imortalidade dos Espíritos, a reencarnação e ao princípio de causa e efeito: “Entretanto, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, essas misérias são efeitos que devem ter uma causa.” (Evangelho Segundo o Espiritismo).

Com o auxílio desses esclarecimentos e com o estudo aprofundado da Doutrina Espírita, alicerçada no Evangelho de Jesus, entendido como um roteiro para uma vida mais plena e feliz, a prece Pai Nosso pode ser melhor compreendida e sentida.

A frase “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como nos céus”, mostra que devemos nos empenhar a cada dia em aprender a viver em harmonia com as Leis criadas por Deus para todo o Universo e impressas em nossa consciência; conseguindo assim a verdadeira felicidade que é a harmonia interior, fruto da evolução espiritual.

Essa é a vontade de Deus, tudo o mais é nossa responsabilidade!

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