Reflexões sobre o Dia dos Mortos, como denominou Kardec, o nosso dia dos Finados

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Nem todos os corpos dos desencarnados, ou o que restou dos mesmos, estão em cemitérios. Há os que foram cremados e tiveram suas cinzas espalhadas, os que desapareceram em acidentes e diversas outras situações.  Ainda em relação aos que foram enterrados, não poucos desses restos mortais praticamente não existem mais, consumidos pelo tempo, através das Leis de Destruição e Conservação, onde tudo se transforma e tudo é reciclado para o prosseguimento do mundo material.

Mas, espiritualistas que somos e, mais do que isso, espíritas, sabemos que esses entes queridos, em parte, estão novamente reencarnados e em maior número, pela contemporaneidade conosco, estão ainda em erraticidade, aguardando seu próximo retorno a uma vida material.

Assim, se para alguns de nós existe a possibilidade material da visita ao local onde os corpos desses entes foram colocados, o fato dessa visita acontecer ou não, nessa data ou em outra, não deve ser maior do que algo que, para esses Espíritos, tem um valor bastante precioso: a prece em seu benefício. Eles as desejam, porque através delas conseguem amenizar suas dores e sofrimentos e, ainda, recebem uma valiosa ajuda energética e também do Plano Superior, para sua trajetória de evolução e crescimento.

Nada acontece por acaso, e se a promoção dessa ajuda é muitas vezes sabiamente deixada em nossas mãos, é para termos a oportunidade de exercer o amor ao próximo, a fraternidade tantas vezes explicitada pelo Cristo…

No entanto, muitos esquecem, no decorrer do ano, de enviar bons e amorosos pensamentos aos parentes desencarnados.  A data comemorativa, facilita a lembrança…

Assim, é comum que Espíritos se dirijam, mais uma vez, aos cemitérios onde foram depositados seus ex-corpos, em busca do tão valioso contato, mesmo que em forma de prece, que nada mais lhes significa do que a manifestação do amor dos que aqui ficaram.

Na Revista Espírita de dezembro de 1860, Kardec faz algumas perguntas específicas sobre esse tema ao Espírito que assina como Charles Nodier:

– Hoje os Espíritos são mais numerosos nos cemitérios que normalmente?

– Resp. – Nesta época ficamos mais à vontade junto aos nossos despojos terrenos, porque os vossos pensamentos, as vossas preces ali estão conosco.

A resposta mostra que muitos dão valor às preces e também, como de certa forma, resignam-se com a lembrança ocorrer só nessa época e nesses locais…  Reflexão para nós espíritas, sabedores de que a prece, que é uma canalização de pensamentos favorecedores, os atinge em qualquer lugar, a partir de qualquer lugar e em qualquer hora.

Mas muitos nem nesse dia lembram de seus ex-companheiros de encarnação terrestre, estando ou não os despojos num cemitério… Não são lembrados nem com visitas, nem à distância, mesmo que seus parentes e amigos saibam que poderiam beneficiá-los com os pensamentos emitidos; os quais, se forem na forma de prece, podem ser muito importantes para eles.

Na sequencia, Kardec pergunta e o, o Espírito mostra que, mesmo assim, não ficam desamparados:

– Os Espíritos que, nesses dias, vêm aos seus túmulos, junto aos quais ninguém ora, sofrem por se verem desamparados, enquanto outros têm parentes e amigos que lhes trazem uma prova de lembrança?

– Resp. – Não há pessoas piedosas que oram por todos os mortos em geral? Pois bem! Essas preces alcançam o Espírito esquecido e são, para ele, o maná celeste, que tanto caía para o preguiçoso como para o homem ativo. A prece é para o conhecido, como para o desconhecido. Deus a reparte igualmente, e os Espíritos bons que delas não mais necessitam, as devolvem àqueles a quem podem ser necessárias.

A visita ao local onde foi colocado o corpo que tiveram na última encarnação, é para muitos,  agradável, mas não esqueçamos de que não é a única nem a mais importante forma de exteriorização dos nossos sentimentos.

Estando esses Espíritos, frequentemente mais próximos do que imaginamos, bons pensamentos, lembranças de momentos alegres ou até a prece sincera, feita com amor e vinda do íntimo, são demonstrativos dos sentimentos que permanecem e da vontade de que estejam bem; uma espécie de diálogo feito por quem não é médium, envolvendo-os como que num abraço e ofertando o que temos de melhor… porque podem estar precisando de algo…

 


23 de novembro: data de nascimento de Amelie Boudet e de Abraão Sarraf

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