Recaídas

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Recair é voltar a um comportamento que imaginávamos já superado.

Recaídas fazem parte de nosso processo evolutivo. São normais e ninguém precisa se envergonhar de sua ocorrência.

Quando notamos que certa forma de ser não é boa, por causa dos problemas e dores que provoca, a inteligência nos leva a mudar. E é costume supor que essa decisão é suficiente para que a transformação ocorra, sem levarmos em conta as raízes dessa conduta, que estão no jeito que se pensa sobre o assunto. Por isso as recaídas acontecem.

Primeiramente, se o pensamento-causa não foi mudado, os atos-consequência não mudam.

Segundo, se o pensamento foi mudado, precisa de algum tempo para que  a substituição se concretize, na medida da profundidade do hábito de pensar daquela forma. Porque é exatamente quando nos distraímos da disciplina, que a recaída vem.

Muitas vezes ela acontece em situações inesperadas, aquelas que nos surpreendem e puxam a reação antiga, que ainda está enraizada. Fato que nos desagrada e pode até provocar depressão, fruto do orgulho ferido e da pretensão frustrada. Mas seria bom repensar e lembrar que o processo evolutivo não se dá como queremos e sim como podemos.

Conhecer o Espiritismo não avaliza um caminho isento das mesmas necessidades e etapas por que passam todas as outras pessoas. Seu papel é nos esclarecer sobre o funcionamento das leis da vida, convidando a amenizar os embates, pelo uso da inteligência e do bom senso.

Sem atentar para esse convite, prosseguimos com hábitos tradicionais e suas consequências comuns. Um deles é o de maltratar-se, física ou moralmente, após um engano, um erro; costume que vem da equivocada pedagogia do castigo ou então, da pretensão de perfeição comportamental.

Esses maltratos se fazem com palavras e sentimentos de menosvalia, de apequenamento e de comparação com os outros. E também se refletem nos descuidos que levam a nos machucarmos, termos perdas e estabelecermos conflitos pessoais e interpessoais.

Essa forma agressiva, quando aplicada no empenho em modificar condutas, dificulta muito e favorece as recaídas.

Porem, tratar-se com atenção, respeito e consideração, dando-se valor e vendo as qualidades que possui, ajuda em tudo, incluindo os períodos de empenho modificador das formas de ser que nos atrapalham e prejudicam.

Orar e vigiar é um excelente convite, desde que saibamos que é preciso agir, no sentido de trabalhar em si mesmo, porque apenas orar não produz resultados. E que vigiar não é ficar de tocaia consigo, para se pegar em erro e sim estar atento ao que pensa, ao que sente, ao que ouve, ao que aceita. Em outras palavras, é cuidar de si, com zelo e capricho.

Nas nossas relações com filhos, alunos, parentes… ter em mente essa naturalidade das recaídas, lendo nelas que ainda não houve superação da conduta negativa, é a possibilidade de não sermos injustos, cobradores e deselegantes, e sim de desenvolvermos um espírito fraternal, aprendermos a dar um apoio construtivo e estimularmos a auto-confiança, tão necessária para uma vida saudável.

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