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O equívoco triplo

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Ponto pacífico para os espíritas, a lei de progressão dos Espíritos ou lei de evolução, como é mais conhecida, não é entendida com unanimidade.

Dois posicionamentos mentais chamam muito a atenção: um deles é a idéia de que evoluir é sempre melhorar, segundo o entendimento de quem diz isso. O outro é a noção de que “forçar a barra” é o caminho para se livrar das inferioridades e ganhar evolução. Forçamos a nós mesmos e aos outros. Cobramos perfeição e exigimos rapidez no melhoramento… E vivemos infelizes, por isso!

Esses dois entendimentos costumam se somar: eu e os outros deveremos fazer de tudo, para sermos com o eu penso que é o certo; custe o que custar, e logo!

Será mesmo, que Deus ao criar essa lei, nomeou pessoas para a executarem, tornando-se parâmetros do que é o certo e o errado?

Se Jesus foi indicado como modelo de conduta humana, porque não nos obrigou a pensar e agir igual a ele? Precisava que outros falassem em seu nome, pondo a humanidade na linha? E os asiáticos, os esquimós, por exemplo, que não o conhecem, estão deserdados?

Sob outro prisma, uma realidade constante, realmente chama a atenção, quando olhamos ao redor. É o fato de vermos pessoas cuidando da alimentação, da saúde e adoecendo… Pessoas se exercitando, sinceramente, para melhorar a conduta e sendo “atacadas” energeticamente. Pessoas boas e dignas, passando por grandes dificuldades e contrariedades…

Aí vem a idéia: o que terá essa pessoa feito no passado?

Mas esse pensamento, que é baseado na verdade de que todos reencarnamos, nos leva, sem percebermos, a repetir um grande equívoco conceitual, que é a idéia de que reencarnar é para “pagar pecados”; algo semelhante ao que os indús chamam de carma, porque a pessoa viria sofrer pelos erros que cometeu nas vidas passadas.

Esse equívoco tira a naturalidade e a grande beleza de renascermos, como processo para a evolução espiritual, que se faz pelo desenvolvimento de nossos potenciais, através dos conhecimentos e experiências que vamos adquirindo, por causa dos acertos e dos erros; ambos nos levam a descobrir como a Vida funciona e como funcionamos nós, na Vida.

O equivoco se estende para o conceito de Deus, tornando-o um carrasco cínico, pois nos cria ignorantes e nos pune pelos erros que cometemos.

O contra-senso é tão grande, que muita gente não vê que se estamos aprendendo e em evolução, como podemos ser condenados por errar, se é a ignorância que nos leva a não perceber e a não avaliar as conseqüências do que fazemos?

E aliás, que erros? O que são esses erros e quem disse que são erros?

A resposta para esse questionamento é a seguinte: pessoas criaram as religiões, estabeleceram regras e normas, determinaram o certo e o errado e disseram ao povo que essa é a palavra de Deus! E inclusive, cada religião tem uma palavra de Deus, diferente da das outras… Ou Deus não sabe o que quer ou estamos sendo iludidos.

Mas, seguindo o exemplo dos religiosos com cargos para serem representantes de Deus, outras pessoas, agem de forma semelhante, tomando para si a implantação do que acham ser a verdade: médiuns, Espíritos, palestrantes, escritores, mães, pais…

Para tanto, caem na tentação de julgar a conduta alheia, sem nenhuma base real, por mera suposição. E agindo assim, dão mais um passo para a fixação mental dessa postura enganosa e traiçoeira, que no final das contas, mais prejudica a quem a adota.

Na verdade, é apenas a repetição de formas muito antigas de pensar, nas quais se entende que o outro não tem condições de escolher o certo e temos que fazer isso por ele, como se estivesse em suas mãos, a salvação e o destino dessas pessoas.

O que não foi observado, é que pensando assim outro equívoco é cometido, pois a lei de evolução está sendo negada, na medida em que é negado ao outro, a possibilidade de viver suas situações e tirar delas o possível amadurecimento.

A solução desse equívoco triplo está em voltar a estudar Kardec, procurando não por nas idéias espíritas o que já pensamos a respeito delas, e sim abrindo a mente para encontrar o seu real significado.

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