Por que agir assim?

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Conflito-entre-gerações

Recebi, recentemente de um amigo a seguinte citação, que me levou a rir e refletir.

Um médico inglês começou uma conferência sobre conflito de gerações, citando quatro frases:
1. “A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, despreza a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos são verdadeiros tiranos, não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem aos pais e são simplesmente maus.”
2. “Não tenho mais nenhuma esperança no futuro do nosso país, se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque esta juventude é insuportável, desenfreada e simplesmente horrível.”
3. “O nosso mundo atingiu o seu ponto crítico. Os filhos não ouvem mais os pais. O fim do mundo não pode estar muito longe.”
4. “Esta juventude está estragada até ao fundo do coração. Os jovens são maus e preguiçosos. Eles nunca serão como a juventude de antigamente… A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura.”
Após ter lido as quatro citações e recebido a aprovação de toda platéia, revelou a origem delas:
A 1-a é de Sócrates (470-399 a.C.); a 2-a é de Hesíodo (720 a.C.); a 3-a é de um sacerdote do ano 2000 a.C. e a 4-a estava escrita em um vaso de argila, descoberto nas ruínas da Babilônia, e tem mais de 4000 anos.

Essas frases, que se explicam por si, levam à reflexão sobre um outro assunto, que ocupou muito a minha atenção quando adolescente,  porque observava o comportamento de alguns parentes, em relação a drásticas modificações de conduta. Aliás, até hoje , de vez em quando,  livros, novelas ou filmes, abordam essa temática, como bem a retratou Woody Allen, em seu premiado Meia Noite em Paris.

Refiro-me ao comportamento –nem tão estranho, se observarmos as pessoas que conhecemos – pelo qual, com o passar dos anos e portanto, o avançar da idade, muita gente puxa o “freio de mão” em relação a sua interação com o mundo. Melhor dizendo, agem como quem quer se isolar, se esconder nos costumes do seu passado, condenando a juventude atual e as mudanças sociais.

Cada Espírito e a sociedade, como sabemos pelo Espiritismo, evolui constantemente e evoluir significa mudar, pois não há evolução se não houver mudança. Nascidos neste mundo, vamos apreendendo desde a infância, modos, costumes, sons, imagens, conceitos como belo, feio, bom, ruim, juízos de valores e entendimentos diversos sobre os relacionamentos humanos. Jovens, nos sentimos de mãos dadas com a evolução, recebendo e aceitando muito bem inovações, mudanças de costumes, formas de se vestir, músicas, palavras, expressões artísticas…

Porém -é bom reparar nisso-  muitas pessoas,  a partir de certa idade adulta, começam a “puxar o freio”, não acompanhando mais a evolução das coisas, dos costumes, da moda, etc… Passam a expressar comportamentos ligados à ideia de que “no meu tempo era melhor”. E como era melhor nesse tempo, cortam aos poucos as ligações com as coisas novas, os novos pensamentos, as novas formas de se viver e ver o mundo. E gradativamente, não só deixam de assimilar o novo, como normalmente acontecia antes, mas passam a rejeitá-lo, atacá-lo e a expressar inconformismo e pessimismo, como se um sonho dourado tivesse acabado. Vem então a crítica ao novo e o saudosismo do antigo.

É interessante notar que esse comportamento é apresentado, muitas vezes, por gente que não tem tanta idade…

Importa destacar que não estou  propondo a negação do antigo, nem a adoção incondicional do novo, pois tudo precisa de análise e bom senso.

A questão é o que leva pessoas, a partir de certa idade, a alterarem e muito, o modo como agiam, tornando-se amargas, contrariadas e agressivas com o novo.

Mas é preciso repetir que esse comportamento não se apresenta na totalidade das pessoas idosas, mesmo as bem idosas. Muitos seguem como antes, adaptando-se naturalmente a nova realidade, tanto física quanto social, e mantendo-se conectados à evolução. Não olham para trás, senão para aproveitar lições e aprendizados.

Olham para a frente, buscam aprender algo novo todo dia, e se preenchem de satisfação e bem estar. Não se sentem donos da sabedoria, mas donos de um aprendizado acumulado, que sabem poder ser derrubado completamente com uma nova descoberta, com novas idéias, com as experiências dos mais jovens. Nunca dizem que já viram tudo na vida e dela conhecem tudo, e sim, que já viveram bastante, mas não o suficiente para dispensar-se de aprender e mudar.

É muito conhecida a expressão “ser jovem de Espírito” isto é, não ficar parado, só sentado olhando o mundo passar, dizendo-se cansado e desiludido pelo presente. Ao contrário, é estar ativo e atento, até porque somos Espíritos nascidos para viver eternamente e a nossa estrada tem um único nome: evolução.

Inclusive, há pesquisas neurológicas mostrando que adquirir conhecimentos ou habilidades produz uma intensa reação prazerosa, resultando em sensação íntima de realização, que é a mais gratificante que podemos ter.

Sendo a lei de evolução universal, negar-se a ela cria  conflitos e doenças e por isso, é bom examinar como temos pensado e reagido em relação ao passar dos anos dessa vida.

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