Trechos do livro Gênese da Alma de Cairbar Schutel

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.capa-genese-alma.. O orgulho humano cavou um abismo intransponível entre o reino hominal e o reino animal.

A falta de estudo, de observação, de meditação, em uma palavra, a ignorância presunçosa permitiu o destaque do Homem, classificando-o como um ser à parte na Criação.

A escala animal, situada num dos reinos da Natureza, não pode deixar de obedecer às irrevogáveis Leis de Deus, que se verificam em toda a Criação, desde o grão de areia soprado pelo vento dos desertos… Na Natureza tudo se encadeia, tudo se liga; é uma corrente infinita em que todas as coisas e todos os seres, presos pelos mesmos elos, tendem sempre para um estado melhor: tudo tem por alvo o Progresso, a Evolução para a Perfeição…

As religiões parasitárias têm negado com a maior desfaçatez a alma aos animais… Dai o desprezo, os maus tratos aos mesmos infligidos, em completo desacordo com as leis do amor e da caridade…Entretanto, a providência não tem descurado do bem-estar dos animais, que, se de um lado têm de passar pela escola do trabalho e pelo cadinho do sofrimento, como o gênero humano, para desenvolverem as suas aptidões, de outro lado têm os mesmos direitos que temos do descanso e do bom trato.

Desde os peixes que vivem no mar e os pássaros que trinam melodiosos cantos nos arvoredos, até o leão das selvas e o gorila que habitam os bravios sertões da África, a Providência proporciona meios de vida, para todos faz levantar o seu Sol, para todos faz descer as suas chuvas; aos peixes dá os rochedos como aconchego; às aves dá os ramos das árvores, o feno dos campos para seus ninhos; aos demais, as frondosas matas e as cavernas para habitação!

“Olhai as aves do céu, diz o Mestre ensinando a Fé e o Amor aos seus discípulos, não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; é o vosso PAI Celestial as alimenta”.

… Quando o Senhor anunciou o “dilúvio” a Noé, ordenou a construção da Arca e mandou que recolhesse todos os animais, como se verifica em Gênese VII – 1 a 3.

Para que teria o Senhor criado os animais, se neles não existisse uma alma Imortal, imperfeita mas perfectível, dotada, portanto, dos atributos essenciais para a conquista da felicidade na senda da Evolução!

Que deus é esse que cria seres que sentem e que amam, em quem se verificam os mesmos cinco sentidos que caracterizam o bípede humano, fá-los passar por uma série longa de sofrimentos e por fim aniquila-os para sempre, extingue-os na noite tenebrosa da morte!

Onde está a justiça, a equidade, a caridade, a sabedoria do Criador, dando a vida a seres inferiores que, não obstante, externam sentimentos afetivos, irradiam inteligência, demonstram perfectibilidade; fisicamente mantêm-se como nos mantemos; suscetíveis ao amor e ao ódio, sentem, sofrem, choram, se não se lhes permite gozar o mérito do seu trabalho, as recompensas dos seus gemidos, os resultados do seu amor, a luz dos seus conhecimentos, a imortalidade da sua vida!…

… Na verdade, o assunto é tão relevante, digno de tanta consideração, que logo no livro primeiro de O Livro dos Espíritos de Kardec, as inteligências do Alto resolveram abordá-lo com pena de mestre, deixando claro, patente, que: “os animais não são simples máquinas; que, se o instinto domina a maior parte deles, outros operam por vontade determinada, com inteligência; que eles têm uma linguagem para se advertirem e exprimirem as sensações que experimentam; que, embora limitada, eles têm liberdade de ação; que a alma dos animais sobrevive à morte do corpo; que ela segue uma lei progressiva, como a alma humana; que o principio inteligente de que são dotados, tiram-no, como o homem, do elemento inteligente universal; finalmente, que esses animais passarão um dia, do reino animal, para o reino hominal, porque a alma do Homem, no seu início, na sua infância, teve por origem uma série de existências que precedem o período que chamamos Humanidade”…

No livro segundo de O Livro dos Espíritos, cap. XI – Os animais e o Homens – questões 592 a 610, o leitor  encontrará explicado o problema que, sem solução, atravessou tantas gerações!…

… Ainda mesmo que os Ensinos dos Espíritos não tivessem resolvido: a habitabilidade de outros planetas; a diversidade de raças e condições, pela pluralidade das existências corpóreas; os fenômenos psíquicos, pela ação dos Espíritos encarnados e desencarnados, só este problema da “alma dos animais”, que ele veio resolver, que nenhuma ciência, nenhuma religião nem sequer tentou estudar, só este seria o bastante para distingui-lo como uma Revelação Divina, que marca uma nova fase de progresso para o nosso planeta!…

… Que é a inteligência? Que é o instinto? Que é o raciocínio? Que é a memória?

Inteligência é a faculdade de entender, de compreender, de conhecer. Instinto é o impulso ou estimulo interior e involuntário, que leva os homens e os animais a executarem atos inconscientes. Raciocínio é a operação pela qual chegamos a uma conclusão ajuizada.

Memória é á faculdade de conservar a lembrança do passado ou de alguma coisa ausente.

Estas definições querem dizer que a inteligência, o instinto, o raciocínio e a memória não são palavras vãs, mas têm uma significação, designam alguma coisa, e essa alguma coisa que cada uma delas exprime, é que deve despertar a nossa mente, quando pronunciamos qualquer dessas palavras. Por exemplo: quando dizemos que tal ou qual animal tem inteligência, afirmamos que ele entende, compreende, conhece, pois verificamos a faculdade inteligente em ação.

Ao surpreendermos no mesmo animal uma conclusão ajuizada, uma ação que resultou de uma operação por ele desenvolvida, dizemos que o animal tem raciocínio, porque pensou para executar aquele movimento. A inteligência, ou por outra, os atos inteligentes, requerem meditação, raciocínio….

…Todos esses atributos do Espírito humano, encontramo-los também nos animais, embora menos desenvolvidos, o que vem confirmar nossa tese, segundo a qual o animal tem uma alma imortal, perfectível; e, não havendo solução de continuidade entre o reino animal e o reino hominal, claro está que a alma aperfeiçoada do animal, depois de passar o ponto de junção que une os dois reinos, começa novo tirocínio na Humanidade.

Donde ainda se conclui que o Homem também atravessou a escala zoológica para chegar a ser Homem…

Assim… o homem fica conhecendo o seu passado, vê a estrada que percorreu; …compreende que os dotes que possui foram conquistados pelo trabalho, pelo sofrimento que conduz ao estudo, que abre a inteligência, exalta o raciocínio, para bem constituir a nossa individualidade e guiá-la para horizontes mais dilatados…

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