Ontem
“Ontem, estávamos expectantes
Com tudo por fazer
Juventude, sonhos, planos, esperanças
Ansiávamos pelo vir
Também o vir a ser
Sem noção, tateando
Tentávamos construir uma vida boa, saudável, generosa, feliz
Errando, acertando, tornando errar, tornando acertar
Trocando estratégias, experimentando,
Sofrendo, se chateando, recomeçando, persistindo
Os anos se amontoaram
As rugas também
Os quilos também
As misérias também
As decepções também
Os calos também
As dores também
As distâncias também
A fragilidade também
Os remédios também
Apesar de tudo restou um brilho quieto,
calmo no olhar
Pois, a fé também aumentou
E a certeza tranquila de nunca, nunca, nunca,
por nada
desistir”
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Hoje
“É mais um tempo
Vamos usá-lo
Usar este agora
Pra que?
Comer mais?
Se aborrecer mais?
Cometer mais um crime?
Sentar sobre o ócio
No ócio, ociando só?
Pegar este fragmento de instante
E vamos
Sorrir ou gemer
Abraçar ou bater
Amar ou matar
Iluminar ou escurecer
Perdoar ou ofender
Meu Deus!
Não deixe que eu desperdice
Este instante mágico
Que nem sei o que é
Tão pequeno
Tão rápido
Tão invisível
Insensível
Mas tão significativo
Hoje, agora, já
Cadê?!
Foi, ontem, atrás
Passado!
Saudade!”
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Amanhã
“Amanhã correrei
Correr é tão bom!
Amanhã amarei
Amar é tão bom!
Amanhã perdoarei
Perdoar… é tão difícil.
Quantos amanhãs já são hoje, ontem e continuo a fazer as mesmas coisas?
Quantas vezes curti profundamente
A presença de quem amo?
Quantas vezes os abracei e lhes
Disse o quão são importantes?
Incrível, mas agora
Parece que ainda há muito tempo
Tempo para mar/abraçar/conviver/
Perdoar/solidarizar
Que amanhã tudo estará igual
Sempre haverá tempo
Pra desofender,
Desorgulhar
Descobrir a magia de fundamente ser…
Ser simples
E…
Foi tão de repente
Que olhei ao meu redor
E não vi meus pais, irmãos, amigos
Onde estão? Não sei… Silêncio…solidão…saudade…”
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