Eu Influencio, Tu Influencias, Ele/Ela…

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influencia

 “… Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este age sobre eles como o som sobre o ar: eles nos trazem pensamentos como o ar traz os sons.

… O pensamento dos encarnados age sobre os fluidos como os dos desencarnados.

… O pensamento produz, pois, um tipo de efeito físico que reage sobre o moral.

(frases tiradas de A Gênese, de Allan Kardec, cap.XIV)

Uma ideia equivocada e do “ano mil” é a seguinte: só recebo influência se eu quiser.

Imperceptivelmente, ideias, comportamentos, modismos, penetram pelos olhos, ouvidos, sensações, pensamentos e instalam-se, passando a fazer parte de nós. Vêm das pessoas, dos meios de comunicação e dos desencarnados.

Basta um tanto a mais de auto-observação e vamos notar que absorvemos até características posturais, de linguajar, de alimentação, de trajar, daqueles que mais nos tocam a alma, por quere-los bem ou por inveja.

Num estudo psicológico poderíamos analisar diversas formas da conduta humana, para compreender um pouco das carências, necessidades e costumes, que nos levam a aceitarmos certas influências, com mais facilidade.

Olhando sob a luz do Espiritismo, temos primeiro que lembrar a lei dos fluidos, segundo a qual esse material que preenche todo o Universo é veículo condutor dos pensamentos. Depois, vamos lembrar os desdobramentos dessa lei, por exemplo, nas ondas de radio e TV, que estão continuamente fluindo, coisa provada quando se liga um aparelho receptor.

Desse modo, o que só pensamos e os pensamentos materializados nas palavras e atos, estão sempre saindo de nós e ganhando veículos de transmissão. Assim como estão constantemente chegando de outros para nós.

Então, se a comunicação é natural, a influência também é, evidentemente!

Pelo processo de aprender com os outros, caminhamos mais depressa, pois o desenvolvimento pessoal que todos fazemos, implica em tantas experiências, que boa parte delas é feita pela observação. Assim, podemos encurtar alguns caminhos, errando menos e acertando mais. Mesmo cada um sendo um indivíduo e tendo suas características pessoais, aprender com os atos alheios nos ajuda muito a ampliar os horizontes.

Por outro lado, nossas naturais inseguranças e carências, criam maneiras psicológicas de nos sentirmos mais valorizados ou amados, quando não diferimos muito dos demais, e para isso copiamos comportamentos, gostos, atitudes, etc. Também imitamos, consciente ou inconscientemente, as pessoas que admiramos, invejamos e amamos, sobretudo se precisamos atrair-lhes a atenção;  e também, para sermos reconhecidos e admirados pelos outros. Por exemplo, se alguém nos acha parecidos com “astros e estrelas” famosos e bem sucedidos, isso nos enche de autoconfiança e valorização… mesmo vazia. É bom não esquecermos que no passado histórico, fomos condicionados educacionalmente e pela religião, a sermos iguais aos outros, para sermos considerados e respeitados… Quanto disso ainda está em nós?

O curioso de tudo isso, é que somos individualidades, com experiências pessoais e características que sempre diferem das dos demais, mesmo que seja em pequena escala. No entanto, não se costuma dar valor a essa particular exclusividade, até porque não fomos educados e preparados para isso. Muito ao contrário…

O resultado é que desconhecendo boa parte de nós mesmos, não conseguimos atender as nossas verdadeiras necessidades. A insatisfação vem e costumamos querer resolvê-la através da atenção e do amor de outros, dos quais exigimos que nos façam felizes… Como isso não acontece e a frustração íntima cresce, passamos a “xerocá-los” cada vez mais, achando que é isso que nos falta. E o círculo vicioso de dores, disfarces, mentiras, desalento e doenças vai ganhando espaço em nossas vidas.

Isso sem falar do quanto nos prejudicamos e até adoecemos, por nos ignorar e também pela absorção dos fluidos das pessoas que admiramos, amamos ou invejamos, cujas características queremos ter. E poderemos ter, mas não dessa maneira, e sim no devido tempo, por desenvolvimento das próprias capacidades e com a necessária vivência.

O Espiritismo nos ensinou que todos temos as mesmas potencialidades, que poderão ser desenvolvidas na medida em que nos dedicamos a isso, pelo natural desabrochar evolutivo.

Sem desconhecer que não há como não influenciarmos ou sermos influenciados, o destaque desse artigo é o seguinte: dar um pouco de atenção a si, a cada dia, sentindo-se e buscando se entender, ajuda bastante no processo do autoconhecimento, única forma de sermos nós mesmos, apesar de tudo dos outros que está copiado em nós; até porque isso pode ser adaptado ao nosso jeito e funcionar como aprendizado e elemento de maturação espiritual.

Esse exercitamento trás algumas consequências valiosíssimas, tais como: paz interior, aumento da confiança em si e na Vida, correta avaliação e valorização de si e dos outros, alegrias íntimas pelo crescimento da satisfação pessoal, aumento da capacidade de perceber as manipulações de pessoas e Espíritos, fortalecimento espiritual, aumento da coragem e da capacidade de enfrentamento, aumento das intuições, respeito por si e pelos outros, entendimento da individualidade e particularidade de cada um… Afinal, somos todos Espíritos em evolução!

Texto revisado e originalmente publicado nesse Jornal, em janeiro de 2006

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