Reciclar práticas mediúnicas

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Em tudo há modismos e estes, claro, são sustentados em razões de ser. Mas passado o tempo, os usos e costumes precisam de reciclagem, para verificação de sua contemporaneidade, ou seja, se ainda cumprem seu papel funcional e progressista ou se mofaram e estão amarrando e complicando o fluir natural da vida das pessoas.

Por exemplo, as reuniões mediúnicas eram presenciadas por pessoas que compareciam por alguma necessidade de ajuda, para darem sustentação e pelas famílias dos componentes e participantes.  De um tempo em diante, essa prática mediúnica foi alterada e todas as reuniões passaram a ser exclusivamente privativas a seus componentes médiuns, dirigente e auxiliares. Razões de um lado, razões de outro…

Por volta de quarenta anos após essa mudança, há resultados observáveis a serem analisados. Apontarei só os que vejo como negativos:

  1. Pessoas espíritas, cuja mediunidade não é ostensiva, nada sabem a não um pouco de teoria, sobre as manifestações, as nuances pessoais dos médiuns e como lidar com os Espíritos. Diante isso, na medida em que estes estão por toda parte e muita gente os percebe ou recebe atuação que chega a ser notória, esses espíritas temem o que possa ocorrer consigo e com os da sua família, caso haja um fato mediúnico.

Também, por falta de confronto e observação, tendem a endeusar médiuns, sobretudo os que estão na mídia e a aceitar tudo que deles venha, sem análise (religiosamente), contrariando toda orientação de Kardec e dos Espíritos da codificação sobre como nos postarmos face a qualquer comunicação mediúnica; que aliás, é sempre apenas a opinião de alguem….

Por outro lado, se Kardec foi um divisor de águas mostrando que a mediunidade é natural e de todo ser humano, ela continua um mistério, algo apenas dos “iniciados”, que são vistos como pessoas privilegiadas ou uns coitados perseguidos por Espíritos maus…

  1. Crianças e adolescentes médiuns, cada vez em maior número, estão sem orientação, porque seus pais não tem a menor experiência no assunto, mesmo sendo espíritas. Assustam-se, temem e correm ao Centro Espírita para livrar seus filhos de tal perigoso incômodo ou para torná-los novos Chicos Xavier…

O lar sai dos eixos quando a mediunidade aparece ou quando a família percebe isso… As crianças sentem-se como se estivessem doentes; o ambiente fica lúgubre e os Espíritos oportunistas e mal intencionados fazem a festa, tornando a beleza da capacidade de perceber e entender desencarnados, em um campo de desvio de condutas e comprometimentos morais.

Como a solução de tudo na vida é o esclarecimento e a experiência, que tal pensarmos em reverter essa situação e diminuir a infiltração desses Espíritos nos lares e junto de crianças e adolescentes? Como? Ensinando sem rodeios e floreios o que é e como se apresenta a mediunidade, que é um patrimônio da humanidade (nome do curso que criamos e ministramos). Minimizando medos e preconceitos. E levando-os a dialogar com Espíritos equilibrados, através de médiuns preparados e que garantam-se como tal, permitindo o diálogo franco e espontâneo.

Vamos pensar com seriedade no assunto?

Se aprendemos a valorizar -até com exagero- as múltiplas facetas da inteligência, porque não promover a valorização sensata e saudável, dos recursos da mediunidade?

Em paralelo e para poder administrar sua mediunidade, é preciso também reciclar alguns conceitos básicos, pois eles contam nesse processo:

– inteligência: conhecimento posto em ação; difere de conhecimento só teórico e só de intelecto desenvolvido;

– emoções: são reações fisiológicas aos fatos externos, segundo o nosso modo de pensar. Elas são iguais as dos animais, mas neles sua função é natural (vem e vão), e nós as fazemos perdurar além do necessário, sem motivo real, mantidas psicologicamente e criando transtornos físicos e espirituais. Ex: estar sempre tenso e temeroso…

– sentimentos: desenvolvimento gradual e pessoal do Amor, em suas nuances, desdobramentos e detalhamentos, somado juntamente com os aspectos que ainda não foram desenvolvidos. Ex: paciência com filhos e intolerância com erros próprios e alheios.

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