Por do sol

Usar de bom senso

| 1 Comentário

Por do sol

 “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo,e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado à margem de nós mesmos” Fernando Pessoa (frase-lema da amiga Sandra Melo)

Kardec indicou a importância do bom senso e de seu grande atributo, a retidão de juízo, pelo qual nos isentamos o possível de nossas opiniões, para examinar algo, um assunto, um fato, da maneira mais justa que consigamos, tendo em vista que ninguém é dono da verdade.

Bom senso, o senso do bom, não é algo rígido, igualmente aplicado em todos os casos, e sim o que é bom para o momento observado. Mas não é juízo de valor, porque isso é pessoal. Por exemplo, andar descalço é muito saudável, mas não nas ruas da cidade. Comer pizza é bom, mas não na hora da palestra. Continuam sendo bons o andar descalço e o comer pizza, mas no local errado faltou bom senso e cria prejuízo.

Assim também, a vida e a obra de Jesus foram transformadas na religião cristianismo/catolicismo e depois em muitas outras vertentes, descaracterizando o seu real significado. Endeusamento, regras “divinas”, rituais, barganhas com Deus, medos, julgamentos maldosos, milagres, costumes moralistas, preconceitos… ocuparam corações e mentes, como se tivessem vindo de Jesus.

Mas tudo isso não impede que os espíritas lhe deem grande valor, procurando usar de bom senso ao separar o joio do trigo, entendendo que as muitas concepções existentes são coisa dos Homens, dentro do entendimento de cada um. Até porque, temos no Espiritismo uma revisão do significado e da profundidade da sua estada na Terra.

Já a obra de Kardec, eminentemente filosófico-científica de consequências morais, aqui no Brasil ganhou caráter religioso, diversificando da postura do codificador. Além disso, “ganhou” os donos da verdade, as publicações desviadoras e deturpadoras vindas de encarnado e desencarnados, as vertentes, as regras de prática mediúnica e comportamental, os preconceitos e a descaracterização de seus princípios básicos, como por exemplo o enxerto da ideia de carma na reencarnação, fazendo-a entendida como forma de Deus cobrar nossas culpas e dívidas de vidas passadas… Outro exemplo, é a incoerente ideia de que praticar a mediunidade é fazer caridade e livra o médium de suas dificuldades e problemas…

Essas e outras não nos impediram de nos mantermos espíritas, de darmos grande valor a Kardec e de usarmos o bom senso, separando o joio do trigo e dando continuidade ao aprendizado de viver melhor, através dos estudos do Espiritismo.

É desnecessário alimentar o espírito da guerra, digladiando verbalmente, condenando os que pensam diferente de nós e criando energias pesadas, oponências intransigentes e ódios ocultos; cada lado querendo ser o representante da verdade absoluta…

Da mesma forma, é perfeitamente possível a quem cultive o bom senso, perceber a extrema importância para esse 3º milênio, da revisão  humana atual, sobre os animais, demonstrativo de que chegou a hora de darmos a esses nossos irmãos, o seu devido valor. No entanto, cada um fará isso do seu jeito e veremos, mesmo entre os espíritas, o equilíbrio, o exagero, a deturpação e o justo.

Separar o joio do trigo é postura de bom senso. Mas esse senso deixa de ser bom se o espírito da guerra, o radicalismo, o personalismo, o medo, o denegrir e o preconceito forem incluídos.

Kardec foi peremptório, afirmando inúmeras vezes que o processo evolutivo é ininterrupto, desde os minerais. Hoje sabemos que tudo começa no atômico, nas partículas elementares ou antes delas… Porem, Kardec e a Ciência da época não poderiam saber disso, o que em nada altera a sabedoria do entendimento sobre a evolução espiritual, que ele nos deixou.

Sendo essa evolução ininterrupta, certamente há uma informação limitada no tempo, até pelas concepções científicas do século dezenove, quando Erasto diz que os animais não são perfectíveis. O fato de serem tutelado por Espíritos responsáveis por eles, não lhes tira a essência do Espíritos que é ser perfectível. Aliás, se aprendem o que lhes ensinamos é porque tem capacidade espiritual ou seja, neles estão as leis universais, e obviamente tem mente, própria para suas necessidades e possibilidades. Não são humanos, ainda… Mas sem mente não há sua manifestação no corpo denso que é o cérebro.

Uma chimpanzé, por exemplo, aprendeu toda a linguagem de sinais e se comunicava com os pesquisadores. Depois, voltando para o bando, por iniciativa própria, ensinou essa linguagem a todos os chimpanzés. É um Espírito com sua relativa  autonomia ou não?

A questão é que Erasto viu a espécie e não os indivíduos. A espécie é sempre a mesma e a aranha de uma certa espécie, faz sua teia igual a que era feita na Antiguidade. Só que hoje é outra aranha…  Aquela provavelmente já evoluiu para outra espécie animal… no mínimo é um outro tipo de aranha, mais evoluída….

É o Espírito que evolui e não a espécie, seja qual for, porque outros Espíritos envergam as características dela, para fazerem suas experiências temporárias. E depois vão para outras e outras e outras mais… evoluindo sempre.

1 Comments

Deixe um comentário

Campos requeridos estão marcados *.