O que vim fazer nessa vida?

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(artigo originalmente publicado nesse Jornal, anoX – No 12– maio– 2007)

propósit

Quantas vezes acontecem situações que nos despertam essa reflexão?

No Espiritismo há critérios que nos ajudam a encontrar respostas, mesmo que parciais, mas que servem de indicativos e podem se tornar consistentes, após algum tempo de observações, reflexões e análises.

Reencarnantes, chegamos a essa vida trazendo nosso antigo e repleto “baú” de experiências, conhecimentos, traumas e habilidades, fruto das vidas que já vivemos. Nossos pais não vêem nada além do bebezinho que chega, mas trazemos muitas coisas ocultas no Espírito desse corpinho aparentemente tão frágil. Sabedoria divina…

No entanto, os pais já tendo sido bebês, também chegaram com seu “baú”, agora bastante ampliado por todas as mínimas e máximas situações de cada ano vivido.

Juntos, teremos que dividir espaço físico, espaço mental, espaço emocional, combinando todas essa bagagem invisível para que caiba em cada diálogo, em cada situação.No entanto, há momentos em que nos atropelamos, amontoamos as coisas de forma insuportável e por mais que queiramos, não encontramos um jeito bom de usar algumas delas, que atrapalham os outros e nos atrapalham por existirem… em nós!

Conviver conosco mesmos, nos melhorando, eis a primeira coisa que viemos fazer nessa vida. Conviver com as características de quem está mais próximo, é a segunda. Aceitando-os como são!!!!!!!!

A estória da cegonha nos livrava de certas responsabilidades mas, já não dá para crer nisso e nem no acaso. Então, o bom senso apóia a informação espírita de que só nos ligamos por afinidades. Mesmo que possa parecer que não, o tempo mostra o quanto temos de semelhança comportamental com nossos pais. E por cúmulo, principalmente naquilo que não gostamos… E aí está outro ponto, importantíssimo, para desvendar o que viemos fazer nessa vida: a possibilidade de olhar de perto certas características até as enxergamos em nós mesmos.

Mas há outro detalhe tão importante quanto esse: a forma de ser dos pais mostra nossos pontos de força e de fragilidade, e esses viemos para fortalecer, diminuindo o desequilíbrio moral.

O livre arbítrio, que todo Espírito tem em si, desenvolve-se com nossa maturação espiritual.

A fase que já atingimos nos permite planos e projetos para a vida física que iniciaremos. São determinações íntimas, que se estiverem coerentes com nossas possibilidades vão nos direcionar. É como se algo lá dentro, uma espécie de bússola, nos guiasse, desaprovando caminhos que nos afastam de nossos propósitos. Bem… quando damos atenção a essa voz íntima ficamos mais ao nosso lado, nos apoiamos e evitamos muito dissabor. Quando fazemos ouvidos moucos, quando a causa de outra pessoa se torna mais valiosa que a nossa, para nós; quando nos pomos a “salvar” alguém… a dor se encarrega de nos trazer de volta para junto de nós mesmos. É uma outra forma de descobrir o que viemos fazer e o que viemos para não fazer.

O tempo passa, as situações se sobrepõe: acertos, equívocos, machucamentos morais, alegrias, sentimentos, aprendizado, amigos… Uma história está se fazendo, e é a nossa história!

Nela, se pusermos atenção, vamos perceber o quanto temos de imaturidade, de pouco discernimento, ou seja, de pouca evolução em algum setor da vida. Por exemplo, no do relacionamento humano. Esse é, com certeza, um dos pontos fracos de quase todos nós. O que viemos aprender nesse sentido? Como saber? Basta olhar com quem convivemos. Cada pessoa próxima é uma espécie de espelho, refletindo alguma de nossas facetas psicológicas. No que nos irritam, é onde somos mais parecidos…São as afinidades que não sabíamos existirem.

Nesse caso podemos nos esconder de nós mesmos, fingindo que nada disso existe ou enfrentar esse desafio da Vida: desenvolver a coragem do auto apoio, sustentando-nos com carinho e dedicação no processo de aceitar o que existe e iniciar um aprendizado de superação e transformação. Numa ou noutra das opções, usamos o livre arbítrio e provocamos consequências naturais e proporcionais a escolha feita.

Ainda temos, arraigado no íntimo, o conceito do “ano mil” de que nossas alegrias e tristezas vêm dos outros. Mas já sabemos que não é assim que as coisas funcionam e só falta jogar fora essa ideia tola e ilusória! Já é hora de não mais sofrermos por ela, porque aprendemos com o Espiritismo que somos uma individualidade, um Espírito com plenos poderes sobre nós mesmos. Damos esse poder a outro se quisermos…

Na escolha cuidadosa do que pensar, do que apoiar, do que cultivar, mora o segredo das alegrias e dos momentos felizes. Eles não caem do céu… nascem de nós mesmos e podem ser aprendidos, ampliados e melhorados. Basta determinar-se um tempo para esse treinamento.

Pode ser difícil saber ao que viemos nessa vida, e qual nosso papel circunstancial no equilíbrio do universo, mas é fácil descobrir ao que não viemos, o que não é bom repetir e o que é preciso evitar a qualquer custo.

Mesmo que encontremos parcialmente os propósitos a que nos propusemos atingir ao reencarnar, vale muito essa busca. Ela é uma prova de amor por si..

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