Batalha hodierna

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hodierna

Convenhamos, nem tudo está perdido. Se fosse assim, não valeria a pena tanto esforço despendido. De promessas, mais de centena. Sempre restam uma esperança e uma grande dose de confiança. Persistência e resistência são marcas dos fortes, dos chamados vencedores.

Nas grandes batalhas do corpo a corpo é que ficou estabelecido que o ser que a tudo abandona, inclusive o conforto para se dedicar à luta, faz por merecer todas as loas e total admiração.

Mesmo na atualidade, nas lutas diárias, se se fizer uma  comparação com as batalhas medievais, mortais, o que mudará serão apenas os tipos de armas, a localização e o conceito de arena, o conceito e o tipo de gesto que desarma, mesmo que tenha aparência amena. Na época medieval, brilhavam os cavaleiros com suas armaduras e lanças afiadas. Hoje, brilham os homens com ar de cavalheiro e com todas as artimanhas conhecidas.

Mais afiada do que a lança é a língua do guerreiro moderno, que não perdoa e acaba por conduzir à fúria e à violência. O guerreiro moderno já não usa mais a espada, instrumento mortal de grande beleza, que só a sua visão fazia a pele crispar-se e que na mão do guerreiro hábil luzia, orgulhosa. Não mais a também pesada armadura que os movimentos tolhia. O guerreiro atual, numa atitude aparentemente singela, consegue vitórias como antes não se via.

O cavaleiro, após uma liça, consagrava a vitória a uma dama e a espada lhe ofertava como homenagem, assegurando assim sua fama, além de encomendar aos trovadores uma canção. O cavalheiro, não tendo alguma dama para cortejar, contenta-se em buscar a possibilidade de algum órgão de divulgação se interessar e de lhe ser de alguma utilidade.

Os historiadores conhecem bem como os homens se comportavam em relação a contendas e podem fazer uma relação de seus modos em cada época, mas com certeza chegariam a uma conclusão paralela, a de que sempre o ser humano, não importa o traje que já usou ou a que tipo de armas já recorreu, nunca foi capaz de admitir uma derrota. Mesmo nos lábios dos derrotados e dos que jazem em terra, se consegue ver um sorriso de vencedor.  Sorriso também visto nos derrotados, vivos, de cabeça baixa.

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