Capítulo XI – itens 42 e 43
42 – A palavra anjo, como muitas outras, tem várias acepções: pode ser usada, indiferentemente, para o bem ou o mal, uma vez que dizemos: os bons e os maus anjos, o anjo de luz e o anjo das trevas; disso resulta que, em sua acepção geral, significa simplesmente Espírito.
Os anjos não são seres fora da humanidade, criados perfeitos, mas Espíritos chegados à perfeição, como todas as criaturas, por seus esforços e méritos. Se fossem seres criados perfeitos, a rebelião contra Deus, sendo um sinal de inferioridade, os que se revoltaram não poderiam ser anjos. Rebelar-se contra Deus é inconcebível, aos seres que ele criou perfeitos, ao passo que é possível, aos que ainda estão atrasados.
Por sua etimologia, o termo anjo (do grego aggelos), significa enviado, mensageiro; ora, não é racional supor que Deus tenha escolhido seus mensageiros, entre seres suficientemente imperfeitos, para se revoltarem contra ele.
43 – Até que os Espíritos tenham atingido um certo grau de perfeição, estão sujeitos a falir, seja no estado de erraticidade, ou de encarnação.
Falir é infringir a lei de Deus, que está inscrita no coração de todos os homens, a fim de que não tenham necessidade da revelação, para conhecer seus deveres.
O Espírito só compreende essa lei, gradualmente, e à medida que sua inteligência se desenvolve. Quem a infringe, por ignorância e falta de experiência – a qual só vem com o tempo- apenas incorre em uma responsabilidade relativa; mas, aquele cuja inteligência está desenvolvida, que tendo todos os meios de se esclarecer, desrespeita a lei voluntariamente, e pratica o mal com conhecimento de causa, incorre em uma revolta, uma rebelião contra o autor da lei.