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Encontro na plataforma do metrô

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04/12/12

A estação do metrô estava lotada de gente. Havia pelo menos dois metros e meio “de largura” de pessoas, em toda extensão da plataforma, de modo que Adriana ficou lá atrás.

Após ela já chegara mais um metro de gente, de modo que foi ficando comprimida entre os da frente e os que chegaram depois, aliás, como todos que ali estavam.

Cada trem que chegava, uma “onda” vinda de lá de trás empurrava uns contra os outros, de forma brutal; parecia que toda aquela massa humana queria entrar no vagão, deixando bem claro que a educação, a calma e o respeito perdem vez, para muita gente, quando é preciso defender seu lugar no metrô, tanto na ida para defender o pão de cada dia, quanto na volta para casa.

Tanta, tanta gente!

Adriana começou a pensar no pequeno local do Nordeste, onde nascera. A pobreza, a alegria de viver, as brincadeiras com as muitas crianças da vizinhança, a comida da mãe…

– Ai que saudade! E eu aqui que nem sardinha em lata…

Os trens chegavam e iam com gente espremida lá dentro, e na plataforma todos continuavam tão espremidos uns aos outros que um ET poderia não entender o que estava acontecendo…

– Ainda falta meio metro pra chegar a minha vez de entrar!

E voltou a se envolver com a saudade, os pais, irmãos e a casinha-lar. E entrou tanto em si que sentiu o cheiro das coisas e viu a mãe ali junto dela, num abraço apertado, num carinho renovado e redobrado.

Viveu tão intensamente esse momento que quando percebeu estava dentro do vagão em movimento. Certamente fora empurrada pelo povo ávido de ir para casa.

Acordada de seu devaneio, estranhou o que ocorrera, e mais que tudo, o abraço de sua mãe, que ainda sentia, como se realmente tivesse sido abraçada.

– Estranho! Muito estranho! Como pode? Devo estar com muita saudade…

E foi pensando em dar um jeito, economizar e ir ficar uns dias lá com os pais.

Planejando chegou à pensão, arrumou algo pra comer, tomou banho e foi deitar. Queria sonhar com a paz de seu lugar de nascimento.

Uma da madrugada foi acordada pelo celular tocando. Assustou-se..

– Quem é, nessa hora?

– Sou a Inalda, sua irmã, disse a pessoa do outro lado da ligação. Desculpe, tive que ligar porque a mãinha passou mal e…

– Deus! E como ela está?

– Bem… É que… Levamos pro hospital e…

– Fala, mulher! Fala!

– É que… agora, ela está nos braços de Deus.

– Morreu?

– Morreu.

– Santo Deus! Não pode ser! Quando foi?

– Foi hoje, Adriana. Hoje ás 18:30 hs. Mas só soubemos depois, e…

– 18,30 hs… hoje… Jesus! Então foi isso!

Um estremeção fez Adriana sentir de novo o abraço da mãe. Tão bom!

– Adriana! Adriana! Adri… a irmã ficou chamando…

Adriana pôs-se a chorar!

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