Expiações são “ajustes de rotas”

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Muita gente pensa, equivocadamente, que expiação é uma penalidade divina, porque a pessoa deveria ser perfeita em seu comportamento e não é. Não é e nem pode ser, porque somos Espíritos em processo evolutivo, gradativo e pessoal. Na estrutura espiritual todos somos perfeitos.

O processo evolutivo implica em desenvolvimento de estruturas físicas para o Espírito ampliar sua manifestação através de corpos de matéria densa, desenvolvimento intelectual e moral. Este último, o moral, é o mais lento porque é o resultado do desenvolvimento da inteligência racional, que desenvolve o arbítrio, que produz as consequências naturais correspondentes, cujos resultados bons ou ruins, serão vividos pelo Espírito, levando-o ao desenvolvimento do senso moral, ou seja o discernimento do bem e do mal. A maturidade do senso moral estabelece a postura mental autônoma.

Vemos pessoas muito capazes em alguns aspectos da vida, se mostrarem broncas ou primárias em outros, o que costuma causar espanto para quem não leva em consideração que somos multifacetados em nossas características. Acontece que o processo evolutivo se faz do menos para o mais, da inconsciência para a consciência, da ignorância para a sabedoria; de modo que ele depende da história evolucional de cada um, e até mesmo de sua idade existencial como Espírito humano. Ou seja, não há uniformidade no desenvolvimento de nossas capacidades, nem em nós mesmos e nem em relação aos demais. Cada período, encarnado ou errático, é uma nova oportunidade de experimentar e refletir sobre nosso modo de ser, que é o resultado de como podemos pensar sobre cada coisa, ideia e situação. 

Assim, as adversidades, dificuldades, embaraços, situações difíceis que temos na vida, refletem o quanto estamos inexperientes, parcos de conhecimento, raciocínios e experiências. Pois na medida que estes se ampliam, vamos ganhando firmeza, discernimento e fluência, seja em que aspecto for.

O que não significa chegar ao máximo desenvolvimento, porque a evolução é perene e sempre haverá algo a ser alcançado. Até porque, nossa compreensão atual  ainda é parcial, limitada, muitas vezes preconceituosa, e tendenciosa.

As consequências naturais do arbítrio, são proporcionais a este, de modo que, como disse Jesus, Deus não põe peso maior que a força dos ombros. Saber e não estar apto para concretizar o que sabe, tem um tipo de consequência diferente daquela vinda para quem não sabe, e também diversa das próprias de quem sabe e já pode agir como sabe. Sempre as consequências são maiores para quem está apto a exercer o que já compreende  ser melhor do que fazia.

A pessoa/Espírito que percebeu sua necessidade de alguma modificação no modo de ser, mostra que seu senso moral amadureceu o suficiente para distinguir que provêm de si mesma a razão das complicações que vive. Assim, busca mudar algo que acaba sendo o seu modo de pensar sobre esse ponto; portanto, os atos mudam. Nesse caso, se relaxar e voltar a ser como havia sido, deixa de “dar o seu melhor” e as consequências são piores. Ter recaídas faz parte do processo de alteração de uma conduta, que poderia até estar condicionada. O importante é prosseguir na forma nova, até que se torne um comportamento natural.

Muito sofrimento advindo das consequências naturais ruins, faz a criatura amadurecer a ponto de perceber e reconhecer a necessidade de mudança. Conseguindo promover essa possibilidade, escolhe livremente algum modo de pensar e agir que lhe traga a modificação desejada. Essa pessoa/Espírito está empreendendo para si mesma, uma mudança de rota, também chamada de expiação.

Sempre essa expiação ou mudança ou reajuste de rota, será dificultosa, porque é algo novo na vida e nos hábitos, requerendo esforço, persistência e paciência consigo mesmo. Por isso pode-se dizer que a expiação é uma prova de livre escolha. Bastante diferente das inúmeras provas diárias que fazem parte de nossa vida, resultado natural do arbítrio ou das circunstâncias em que vivemos, as quais ocorrem queiramos ou não.

A sequência natural de um aprendizado que corrige um conceito equivocado, é alguma mudança nos pensamentos. Assim promovemos uma evolução consciente, usando o arbítrio para criar bem estar interior e alegria de viver.

Quem se pensa penalizado por Deus, sente-se indigno e sem perspectiva; desanima ou se revolta.

Saber que somos capazes da coragem de empreender um ajuste de rota, que requer dedicação e persistência, mas nos tirará do sofrimento, por mais difícil que seja, é um estímulo ao livre pensar e agir; ou seja, promove a postura mental autônoma, deduzida das lições da vida.

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