Varrer o quintal todos os dias pela manhã é um caminho sem volta.
Há vezes que são as jabuticabas. Têm de ser recolhidas uma a uma porque a gente pisa nelas, e a sua docidão atrai insetos que atacam os cães; como o clarêncio é alérgico procuramos evitar isso o máximo possível.
Há outras ocasiões que são as acerolas. Vermelhinhas se espalham pelo chão e também necessitam ser removidas.
Nem umas nem outras devem ser recolhidas por inteiro.
Os pássaros que visitam as cercanias da vivenda – curiosamente – não olhem os frutos do pé.
Em sua maioria prefere colhê-las ao rés do chão.
Já as folhas em geral estão sempre presentes exigindo varredura constante.
Com o velho abacateiro não foi diferente. Passei longo tempo recolhendo lhe as folhas sem notar, sem me dar conta…
Naquele dia – como faço vezeiramente – passei o café no pano, fervi o leite, aqueci os pães, arrumei a mesa nos fundos da casa, e acordei a companheira para compartilhar o café da manhã.
E enquanto esperava ali sentado, fruindo a beleza do dia e a paz da claridade do sol, ergui os olhos em direção ao sábio abacateiro, e então, somente então, percebi que ele estava inteiramente renovado dizendo no grande silêncio no dialeto do coração: ”renova-te também”.
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