Cambacicas
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Cambacicas

“Aqui em casa a Nara acha que a previsão do tempo é uma ciência exata.

– Menina pegue o guarda-chuva.

– Por que mãe?

– Porque a moça da TV disse que vai chover na parte da tarde.

O caso é que nem sempre acontece o que eles preveem

Eu, na minha não pequena ignorância penso que previsão implica sempre uma grande dose de eventualidade – em outras palavras – quando se trata de tempo, melhor usar o subjuntivo. Seja.

No entanto, desprevenido, naquele dia acreditei na tal moça do tempo, e me lasquei.

Explico. Não sei dizer bem o porquê, mas quando chove forte, chuva com vento, fico um pouco tenso. E o figura estava lá adorando ter um livro do professor Miguel Spinelli, e a chuva foi apertando, apertando. Apertando e eu dizendo para mim mesmo – não como Epicteto nos ensinou a fazer, mas pelo menos tentando – “a moça da TV disse que não ia chover forte…”

Você já viu a casa e pobre?

Perdi totalmente a concentração.

Abandonei o livro e fui tratar das goteiras que não são poucas por toda casa.

Frustrado, assustado e desassossegado sai na parte de trás da vivenda velha que também vaza um bocado de água.

Para minha surpresa dali era possível avistar os bebedouros pendurados na jabuticabeira, apinhados de cambacicas fazendo a maior algazarra bem no meio do temporal.”

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