Os fluídos, o passe espírita e a vida

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(texto de 2003 – revisitado a pedidos)

O mundo caminhará para o Espiritismo, disse o prof. Herculano Pires, há tempos. E o que vemos é realmente isso, entendendo que não virá para as Casas Espíritas, mas sim para os Princípios, que são as ideias básicas que compõem o Espiritismo. Porque sendo Leis Universais, podem ser percebidas e “encontradas” por todos aqueles que ponham atenção em como a vida funciona; mesmo que a forma e o conteúdo dessa compreensão variem.

Imortalidade dos Espíritos, Reencarnação e Mediunidade são três desses Princípios que têm estado em filmes, novelas, revistas, livros e conversas, criando o que se chama de massa crítica, ou seja, uma quantidade significativa de pessoas passaram a considerar que sejam a  solução para muitas questões da vida. Isso aumenta consideravelmente sua aceitação, pelo acostumar-se a pensar, falar e conviver com eles.

Nosso assunto de hoje também faz parte desses Princípios básicos e vem, aos poucos, criando condições de ser um conhecimento comum e utilizável pela humanidade toda. Estamos falando dos Fluídos, termo usado pelos Espíritos e adotado por Kardec, para designar um estado da matéria, ainda não mensurável pelos órgãos dos sentidos ou aparelhos tecnológicos, mas perceptível psiquicamente (percepção extra sensorial). Há fluídos em toda parte, em todo Universo, variando sua composição e qualificação, e podemos considerar que estamos imersos em fluídos, sobre os quais agimos e dos quais recebemos influência, mesmo que não percebamos ou aceitemos isso.

Fora do meio espírita usa-se o termo energia para falar da mesma coisa, se bem que não sejam sinônimos, porque energia é uma característica que o fluído pode ter, ou seja, nem todo fluído é energia. Mas, para facilitar podemos nos servir dessa denominação.

Ultimamente inúmeras linhas de pensamento vêm divulgando seus conceitos e entendimento sobre esse algo invisível que percebemos espiritualmente e que pode ser alterado e melhorado pela ação da vontade que secunda os pensamentos. Utilizam o termo energia.

Nos séculos dezoito e dezenove, por exemplo, estudavam o magnetismo, uma força existente nos imãs e nas pessoas (magnetismo animal/Mesmer) utilizado para curar. Os orientais sempre examinaram a questão da energia bloqueada e a ativação dos chacras para que fluísse, saneando os males do corpo. E o Espiritismo clareou e expandiu a questão, pelo desvendar de suas funções, características e aplicações práticas, explicando os fatos ditos miraculosos, sobrenaturais e misteriosos.

Nossa ação (encarnados e desencarnados), sobre os fluídos se dá pelo pensamento e não pelo uso das mãos como fazemos com a matéria densa. Porque, sendo matéria, mas num estado de alta rarefação, o fluído está no nível próximo das subpartículas e por isso, o pensamento, como emanação dos Espíritos “passa” para o seu corpo fluídico, o perispírito, e materializa-se fluidicamente. É por isso que Kardec fez o estudo do laboratório do mundo invisível; é por isso os Espíritos podem “ler” pensamentos; também é por isso Jesus disse que o pensamento equivale a ação.

Na realidade, dependendo apenas de seus conhecimentos, os Espíritos podem fazer o que quiserem com os fluídos, como nós, com a matéria densa. Mas qualquer coisa feita fluidicamente dura enquanto durar o pensamento que a criou. Altamente plásticos, adquirem a forma e as características desejadas, sendo a matéria prima dos desencarnados.

Quanto a nós, os encarnados, dá para imaginarmos nossa aura repleta das cenas dos pensamentos que cultivamos, formando um mundinho particular que interage com a vida atual, facilitando ou embaraçando; e também sintonizando-nos com Espíritos e pessoas afinisados com os mesmos…

Os fluídos levam o pensamento assim como o ar leva o som. Por isso a fórmula do funcionamento do Universo, expressa por unidade/diversidade. Quer dizer que há uma unidade em tudo, diferindo pela forma de manifestação. Por exemplo: para funcionar como deve, o ar precisa fluir, seja na atmosfera terrestre, em nosso corpo ou em um ambiente. Parado fica poluído, viciado e não faz bem. Da mesma forma o sangue, a água, os alimentos, a energia, o amor, os pensamentos, a luz, o dinheiro, os conhecimentos, o som, os elétrons… tudo no Universo está e precisa estar em movimento.

Sendo susceptíveis à ação mental dos Espíritos, os fluídos adquirem variadíssimas qualidades, boas e más, dependendo de quem age sobre eles. Exemplificando: cada pessoa tem seu fluído particular que é o seu perispírito. Tudo que essa pessoa pensar e na intensidade que o fizer, é imprimido no perispírito, que vai variando sua qualidade por causa disso; é captado pelo corpo físico, caracterizando-o e passando para o ambiente, por ter natureza expansível.

De forma que durante cada dia, uma pessoa estabelece para si mesma e para tudo e todos ao seu derredor, muitas e variadas situações fluídicas. Pensou o bem, cria o bem para si, ao derredor e para o mundo, porque os fluídos levam os pensamentos ao infinito. Pensou o mal, criou o mal para si e o espalhou. E assim por diante, com todos os tipos e teores de pensamentos que podemos ter.   

Por que há guerra no mundo até hoje? Porque ainda criamos guerrinhas particulares em casa, no serviço e até no Centro espírita, comprazendo-nos em atacar e derrotar – no mínimo pelo pensamento – pessoas e ideias. Da contribuição pequena de cada um, estabelecer-se um clima mundial, invisível, de guerra, que vai impregnando os mais acessíveis e a ideia acaba por se materializar em algum lugar mais propício.

O mesmo ocorre com pensamentos de doença, de incapacidade de realizar o que é preciso, de derrotas, de depressão, de falta de objetivos e ausência de razões para viver. Ou, sob outro aspecto, mas com o mesmo funcionamento, com os pensamentos positivos, alegres, amorosos, bons, construtivos, renovadores, criativos…

Isso se dá porque se o pensamento qualifica o perispírito, o que penso fica materializado em mim, fluídica e depois corporalmente. Portanto, há pensamentos que fazem a vida fluir e funcionar, e os que “entopem” tudo.

Que tal fazemos um exercício de observar quais pensamentos nos ajudam e quais nos atrapalham, em nossas necessidades e situações diárias?

A partir desse levantamento das principais funções e características dos fluídos podemos começar a pensar em aplicá-las na vida.

O passe é uma das aplicações mais conhecidas.

Usando o exemplo de Jesus, que oferecia de si para os doentes e perturbados, e sabendo que somos portadores dessa matéria energética que pode ser expandida e transmitida, o passe é o que a palavra diz: passar para o outro, fluídos bem qualificados pela nossa vontade

Os magnetizadores do século XIX utilizavam passes técnicos, chamados magnéticos, visando a cura.

Nós, os espíritas, adotamos o passe pela imposição de mãos, somando recursos humanos e dos Espíritos bons e curadores; é o chamado passe misto ou espírita. Se for apenas transmitido pelos Espíritos dizemos que é espiritual, e chamamos de humano quando só entram em ação os recursos fluídicos do encarnado.

A razão de ser dos passes é a cura ou o reequilíbrio

psíquico.

Curar e beneficiar pelos fluidos, faz parte das terapias espirituais do terceiro milênio, pois além da sua finalidade principal, desenvolve a fraternidade, favorece o fortalecimento emocional e espiritual, educa segundo o Espiritismo, ensina a buscar por si e demonstra que todos temos um mínimo para oferecer a alguém.

A física das partículas, ou quântica, examina os efeitos do observador em relação ao comportamento das partículas subatômicas, encaminhando-se para o entendimento espírita de que atuamos sobre a matéria. Nessa atuação, direcionando pela vontade, fluídos bons, reparadores, curativos, amorosos, para alguém, produz-se modificações sutis para melhor; o que vai beneficiar. Raramente poderão haver modificações ostensivas, ou curas instantâneas, como fez Jesus, por exemplo.  

Dar o melhor de si – amor universal – é o objetivo curador da transmissão de fluídos através de passes. 

Nos Centros Espíritas é indispensável, por hora, uma reunião que atenda pessoas necessitadas, por meio dos passes espíritas. Mas para tanto é preciso que a equipe responsável por essa reunião seja bem instruída sobre fluídos e sua transmissão, bem como sejam pessoas dotadas de verdadeiros recursos fluídicos, para que o trabalho seja eficiente e não gere desgastes. Porque, todos podemos transmitir fluídos, principalmente para aqueles com quem já convivemos, mas a reunião do Centro é destinada a pessoas que apresentarão as mais variadas necessidades, o que requer capacitação e preparo adequado.

Um dia, no futuro, todos poderemos atender as próprias necessidades pelo uso da lei dos fluídos, que ainda estamos aprendendo; e para isso a reunião de passes nas Casas espíritas é um grande laboratório de aprendizado e experiências.

Jamais banalize esse recurso benéfico. Use-o com muita seriedade e gratidão, sempre dentro do objetivo de curar e equilibrar, seja você quem transmite ou quem recebe passes.

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