Revista espírita – Allan Kardec – 1864 – dezembro

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Da comunhão do pensamento (trecho)

… concebe-se que nas relações que se estabelecem entre os homens e os Espíritos, há, numa reunião em que reina uma perfeita comunhão de pensamentos, uma força atrativa ou repulsiva que nem sempre possui um indivíduo isolado. Se, até o presente, as reuniões muito numerosas são menos favoráveis, é pela dificuldade de se obter uma homogeneidade perfeita de pensamentos, o que se prende à imperfeição da natureza humana sobre a Terra. Quanto mais as reuniões são numerosas, mais nelas se misturam elementos heterogêneos que paralisam a ação dos bons elementos, e que são como os grãos de areia numa engrenagem. Não é assim nos mundos mais avançados, e esse estado de coisas mudará sobre a Terra, à medida que os homens nela se tornarem melhores.

Para os Espíritas, a comunhão de pensamentos tem um resultado mais especial ainda. Temos visto o efeito desta comunhão de homem a homem. O Espiritismo nos prova que não é menor dos homens aos Espíritos, e reciprocamente. Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pelo número, um conjunto de pensamentos idênticos, tendo o bem como objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos; também vemos que a tática destes últimos é levar à divisão e ao isolamento. Só, um homem pode sucumbir, ao passo que se sua vontade for corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, segundo o axioma: A união faz a força; axioma verdadeiro tanto quanto ao moral como ao físico.

De um outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será secundada; sua influência salutar não encontrará obstáculos; seus eflúvios fluídicos não sendo detidos por correntes contrárias, se derramarão sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não cada um em seu proveito pessoal, mas em proveito de todos, segundo a lei de caridade… Descerão sobre eles em línguas de fogo, para nos servir de uma admirável imagem do Evangelho.

Assim, pela comunhão dos pensamentos, os homens se assistem entre si, e ao mesmo tempo assistem os Espíritos e são por eles assistidos. As relações do mundo visível e do mundo invisível não são mais individuais, são coletivas, e, por isso mesmo, mais poderosas para o proveito das massas, como para os indivíduos; em uma palavra, ela estabelece a solidariedade, que é a base da fraternidade. Cada um não trabalha somente para si, mas para todos, e, trabalhando para todos, nisso cada um encontra a sua conta; é o que o egoísmo não compreende. ..

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