(atendendo pedidos à do Jornal do CEM, ANO XIII – No 149– outubro – 2009)
Todo mundo tem um jeito estúpido de ser. Se seu jeito for, além disso, enraivecido, também terá, atrelado a ele, um jeito emburrecido de adoecer e morrer.
Por que? Ora, pense em um prédio implodindo. A destruição não se dá de fora para dentro, e sim de dentro para fora.
A raiva se aproxima mais de um veneno do que de uma faca. A faca entra pela carne, rasga, fere e vai embora. O veneno entra pela boca, corrói por dentro, destroça e nos joga, literalmente, fora.
Ingerindo raiva, as células do nosso corpo assemelham-se a pequenos prédios que incham, incham e… pum! Sobra “poeira de corpúsculo” para tudo que é canto.
E advinha quem sobra mesmo, nessa história?
Mas… e o que fazer, então, quando a raiva se instala? Cuspi-la por aí, de preferência em alguém que a mereça? Esse juízo, o do mérito, é sempre particular e falho; porque, será que alguém merece mesmo? Aliás, será que você merece implodir de raiva?
A melhor coisa a fazer com a raiva é não deixá-la demorar-se no estomago – nem nos intestinos, senão… Deixar que simplesmente venha, enquanto não somos capazes de fechar as portas para ela. Mas que venha e se vá. Se ela se demora, isso não é problema dela, é nosso. A visita fica tanto mais, quanto mais lhe damos
atenção, mimoseios e conforto.
Precisamos criar, em nós, um ambiente desagradável para a raiva. É verdade, sim, que ela, por si mesma já é desagradável. Quer dizer, ela desagrada a uns, porque outros dela fazem uso e reuso… Contudo, se já desagrada a você, desagrade-a também, e bem antes que ela o venha perturbar.
Como?
É simples:
Cultive paciência e compreensão.
Veja a todos como irmãos de jornada, passíveis dos mesmos vacilos que você.
Surpreenda cada gota de ofensa com um copo cheio de amorosidade.
Faça-se surdo a perseguições e dê voz ao amor.
Adorne sua casa com esses enfeites e verá uma coisa boa acontecer: a raiva vai chegar, enfurecida, e ainda mais enfurecida partirá.
É isso mesmo, não dá pra amansar a raiva. Mas dá para amansar a si mesmo, não deixando ela ficar.
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